Há cerca de dois meses, mais precisamente no dia 7 de Março, no fim da aula de desporto um colega do Diogo, empurrou-o e atirou-se para cima dele e mandou-lhe alguns murros nas pernas. Nada de muito anormal (infelizmente) nestas idades.
Por outro lado, o Diogo (não é por ser meu filho), tem os seus defeitos, é super despassarado, mas é calmo, educado e não gosta de confusões. Por vezes não vai ao recreio, prefere ficar com a professora na sala a fazer desenhos, porque não gosta das brincadeiras brutas de alguns colegas.
Isto para dizer, conforme mostrei aqui, que a parvoíce resultou numa lesão. Não foi grave, felizmente. Só precisou de umas massagens, uma pomada e de colocar uma ligadura que usou durante 5 dias.
Não fui às urgências. Quando alguém, cá em casa, tem problemas de ossos ou músculos, vamos sempre ao Sr. F., o "endireita", a pessoa em quem mais confio à face da terra para cuidar dos nossos ossos e músculos. Ele tem um verdadeiro dom e coloca tudo no sítio. Mas todos os serviços tem um preço, e eu tive de pagar. Mesmo assim, prefiro ir ao Sr. F., e pagar, do que usufruir gratuitamente do SNS, muito pouco eficaz (no que respeita a lesões nos ossos e músculos)
. Não foi muito, mas quando se está desempregada, todos os cêntimos contam.
No dia seguinte, o Diogo mostrou a lesão à professora e relatou o sucedido. Nessa manhã, por razões que desconheço, a mãe desse menino, telefonou à Prof.ª e ela aproveitou para lhe informar do episódio do dia anterior. Disse ainda, que o Diogo teve de ir ao médico e que tinha o joelho ligado.
Hoje (desde que isso aconteceu), a mãe desse menino passou pela segunda vez por mim. E nunca teve o cuidado de me pedir desculpa (nem ao Diogo) pela atitude do seu filho, nem perguntou se era preciso alguma coisa (foi preciso o Diogo ter ficado lesionado para eu vir a saber que era frequente ele empurrar o meu filho).
Se a senhora em questão fosse uma miúda na casa dos 20 (atenção: sem querer generalizar), pouco ou nada me espantava, a falta de educação e a indiferença, mas quando essa atitude parte de alguém que deve ser cerca de dez anos mais velha do que eu, espanta-me e muito!
E quando eu falo na casa dos 20, deve-se principalmente a muitas cenas que já presenciei nos parques infantis. O Diogo, praticamente só quer andar no baloiço. Se estamos sozinhos ele anda 15, 20 minutos ou mais, sem parar. Mas se chega alguém, ele já sabe que dá mais duas ou três voltas e sai para dar lugar à criança que acaba de chegar. Se há mais crianças no parque, ao fim de dois minutos faço sinal para ele sair, ele já sabe que tem de aguardar algum tempo, se o baloiço permanecer livre, tem luz verde para voltar a andar.
Agora pergunto-vos, acham que fazem o mesmo ao meu filho? Fizeram! No máximo duas vezes, das muitas vezes que ele ficou especado a olhar para o baloiço. Ninguém se importa com ele.
Houve um dia, ao fim de quase 15 minutos à espera, que duas irmãs saíssem (e o pais a empurrar) começou a chorar, e nem assim os pais das crianças que estavam no baloiço (como se este fosse delas), se importaram. Eu não disse nada, não me compete educar os filhos dos outros, nem os respectivos pais. Viemos embora.
Alertei o Diogo, para o facto de não poder fazer nada no que respeita aos filhos dos outros, e sublinhei o facto de que um parque não é feito apenas e só de baloiços e que situações e injustiças como estas irão acontecer vezes sem conta ao longo da sua vida.
Na escola, já estragaram material do Diogo (também é normal), partiram um compasso, uma régua e mais qualquer coisa, e eu comprei tudo de novo.
Que eu tenha conhecimento, o Diogo apenas estragou uma borracha a um colega. Mas eu ensinei-o logo! Fui às compras, comprei uma borracha igual, pedi um recibo à parte, cheguei a casa e dei o recibo ao Diogo e disse-lhe: Vais ao teu mealheiro buscar o dinheiro que está aqui no talão. Ele entregou-me tudo certinho e eu perguntei-lhe: Sabes para que é que eu pedi esse dinheiro? E ele respondeu correctamente que era para pagar a borracha.
Gosto que ele tenha a capacidade para se colocar no lugar do outro e que seja responsável. Não é fácil, mas eu não desisto!
No meio disto tudo, apesar de estar a agir bem, de ter a consciência tranquila, sinto que estou a ser injusta para com ele. Estou a ensiná-lo a respeitar o próximo, mas ele não está a receber o mesmo exemplo da sociedade, só em casa. Só que isso é injusto, muito injusto!
Se as pessoas fossem educadas e tivessem a capacidade para se colocarem no lugar do outro,o mundo seria um lugar melhor e mais justo.
Desculpem o testamento, mas precisei de dizer isto, estava aqui entalado há muito.